Segundo projeção da Organização Mundial da Saúde, o Brasil terá até o ano de 2025, um crescimento do número de idosos cinco vezes maior do que o da população total, chegando a 30 milhões, colocando-o entre os seis primeiros países com população mais idosa no mundo.
O envelhecimento é uma realidade que movimenta diversos setores sociais. Seu impacto no sistema de saúde e na sociedade em geral se deve, em grande parte, à perda funcional e da independência. Acarreta, problemas de longa duração, uma vez que as enfermidades e restrições desta população tendem a se caracterizar por condições crônicas e degenerativas, exigindo tratamento constante, longos períodos de hospitalização e de reabilitação.
Suas limitações físicas restringem sua capacidade motora, podendo contribuir para um declínio da capacidade funcional. Para o idoso não basta apenas viver mais anos, é necessário viver sendo independente para realizar principalmente as atividades básicas de vida diária. O idoso precisa se sentir útil, capaz de realizar as próprias ações, não depender de terceiros para realizar as tarefas componentes da sua vida diária.
O isolamento, a miséria, a inatividade e a desvalorização podem ser fatores de estresse importantes que comprometem o equilíbrio físico e psíquico, por vezes frágil, destes indivíduos. Na terceira idade o indivíduo, na maioria das vezes, deixa seu trabalho remunerado, mas não deixa de “viver”.
Decorrente das alterações fisiológicas que acometem os idosos, as quedas são um problema frequente e grave entre esta população. Atualmente as quedas resultam em mortalidade ou lesão significativa. A instabilidade postural parece ser um fator de risco independente para quedas, cerca de 30% dos idosos do Brasil caem ao menos uma vez ao ano e que a maioria dessas quedas (51%) ocorrem entre idosos com mais de 85 anos.
Controle Postural Normal
Os idosos apresentam diversas mudanças na estratégia motora durante a postura vertical perturbada, mudanças que colaboram para o aparecimento das quedas, principalmente em idosos fisicamente inativos. Podemos citar algumas alterações.
· Apresentam latência inicial significativamente mais lenta, nos flexores dorsais dos tornozelos.
· Organização da resposta muscular rompida, com os músculos proximais sendo ativados antes dos distais.
· Coativação dos músculos antagonistas juntos com os agonistas de uma determinada articulação.
· Geralmente usam uma estratégia que envolve os movimentos do quadril, e não os dos tornozelos, com frequencia maior do que os jovens.
Idosos tem problemas em fazer os ajustes posturais antecipatórios de maneira rápida e eficiente. Isso implica em uma maior dificuldade na capacidade postural antecipatória, decorrente de fatores multissensoriais. Podemos citar a incapacidade de estabilizar o corpo em associação com tarefas de movimento voluntário (erguer ou carregar um objeto). Onde a quantidade de atenção depende do grau de instabilidade inerente à tarefa e que o idoso precisa de mais atenção para realizar uma tarefa postural.
Os ajustes posturais em Idosos também estão debilitados. Idosos não conseguem discriminar tão bem pequenas variações do estímulo sensorial e alterar a relação entre a informação que esse estímulo propicia e a ação motora mais adequada para a situação. Essa diferença em alterar a relação entre o estímulo sensorial e a ação motora realizada, pelo menos quando ocorrem pequenas variações do estímulo sensorial, pode provocar situações de risco para idosos. Por exemplo, durante o caminhar, se ocorrer uma pequena variação na superfície (calçada com uma parte mais elevada), essa variação pode passar sem ser notada e, conseqüentemente, a altura da passada não é aumentada, levando a um tropeço ou mesmo a uma queda.
Conclusão
De acordo dom pesquisas atuais, parece claro que a prática regular de atividades físicas é uma medida importante na melhora da qualidade de vida dos idosos. A realização de atividades físicas pode ter efeitos positivos sobre a estabilidade postural e sobre o risco de quedas, proporcionando aumento do equilíbrio, da habilidade funcional, da mobilidade e força e da coordenação.
O Pilates nos oferece um leque enorme de possibilidades de treinamento desses sistemas prejudicados. Atualmente trabalhamos com um grupo de aproximadamente 60 idosos nas obras assistenciais casa Dom Orione dentro da Igreja Achiropita. Aplicamos todos os conceitos do Pilates, de uma forma bem gradativa, em todos os idosos do grupo.
As melhoras são surpreendentes. Melhoras na marcha, no equilíbrio, na sociabilidade, na funcionalidade das atividades da vida diária, entre outras.
Não aplicamos e nem desenvolvemos nenhum tipo de protocolo de exercícios. Nos treinamentos enfatizamos a mobilidade articular, principalmente de coluna e tornozelos, treino de transferência do centro de gravidade e controlo motor, sempre de forma lúdica aplicando os conceitos de auto crescimento, centralização e concentração. Conceitos aplicados no Pilates.
Bibliografia
CAMARA, F. M. et al. Capacidade funcional do idoso: formas de avaliação e tendências. ACTA FISIATR [S.I.], v. 15(4), p. 249-256, 2008.
FERNANDES, W. R.; SIQUEIRA, V. H. F. D. Educação em saúde da pessoa idosa em discursos e prática: atividade física como sinônimo de saúde. Interface - Comunicação, Saúde e Educação [S.I.], v. 14, n. 33, p. 371-85, 2010.
FIGUEIREDO, K. M. O. B. D. et al. Instrumentos de avaliação do equilíbrio corporal em idosos. Rev. Bras. Cineantropom. Desempenho Hum. [S.I.], v. 9(4), p. 408-13, 2007.
LOPES, K. T. et al. Prevalência do medo de cair em uma população de idosos da comunidade e sua correlação com a mobilidade, equilíbrio dinâmico, risco e histórico de quedas Rev. Bras. Fisioter. [S.I.], v. 13(3), p. 223-9, 2009.
MALLERY, L. H. et al. The feasibility of performing resistance exercise with acutely ill hospitalized older adults. BMC Geriatr [S.I.], v. 3, p. 3, 2003.
PIMENTEL, R. M.; SCHEICHER, M. E. Comparação do risco de quedas em idosos sedentários e ativos por meio da escala de equilíbrio de Berg. Fisioterapia e Pesquisa [S.I.], v. 16, n. 1, p. 6-10, 2009.
SILVA, V. F. D.; MATSUURA, C. Efeitos da prática regular de atividade física sobre o estado cognitivo e a prevenção de quedas em idosos Fit Perf J [S.I.], p. 39-45, 2002.
VERGHESE, J. et al. Walking while talking: effect of task prioritization in the elderly. Arch Phys Med Rehabil [S.I.], v. 88, n. 1, p. 50-3, Jan 2007.
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Por favor deixe o seu nome e email para que possamos responder. Sua opinião é muito importante para nós.
Obrigado.